Fraternidade
e juventude
Terminado o
carnaval e depostas as máscaras da ilusão, precisamos voltar à realidade nua e
crua do trabalho cotidiano, dos compromissos assumidos, encarar a vida com
objetividade e determinação, cientes que nada cai pronto do céu. Pelo
contrário, sabemos que somos o resultado das nossas opções livres e
conscientes.
A Quaresma
que iniciamos com a imposição das cinzas lembra a nossa fragilidade que precisa
ser sustentada pela bondade divina num processo de conversão e construção
continua.
As Cinzas
que recebemos não é um simples pedido de bênção, mas compromisso de quem deseja
viver a quaresma como momento de renovação interior, seja na nossa relação com
Deus: pela Oração; conosco mesmo: pelo Jejum; com o próximo: pela Esmola.
No Brasil,
já é tradição, iniciarmos a quaresma abrindo a Campanha da Fraternidade, com o
objetivo de aprofundar um tema social que seja de interesse não só da igreja,
mas de toda a sociedade brasileira. O tema desse ano, 2013, é “Fraternidade e
Juventude”. E o lema que acompanha é a resposta que o profeta Isaías dá ao
convite de Deus: “Eis-me aqui, envia-me!”
O que levou
a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil a eleger a juventude como tema
dessa Campanha da Fraternidade, foi o grande acontecimento da Jornada Mundial
da Juventude, que neste ano vai realizar-se no Rio de Janeiro, no final de julho.
Se já era grande a expectativa pela vinda do Papa, agora vai ser ainda maior
pela oportunidade de ver de perto e ouvir o novo Papa que será eleito até fins
de março.
Outro motivo
de celebração jubilosa é o fato de a própria Campanha da Fraternidade estar
completando o seu cinquentenário de fundação. Uma campanha de evangelização e
desenvolvimento social que tem reconhecimento mundial. São raros os países que
tem uma iniciativa de tal magnitude e abrangência. Os resultados desta ousadia
da Igreja Católica no Brasil são difíceis de mensurar, mas são inúmeros e
abrangentes.
Segundo Pe.
Luiz Carlos Dias, secretário executivo da CF, um dos papéis desta campanha é
ser um “elo entre a igreja, os fiéis e a sociedade. A CF é a igreja a serviço
da sociedade, é uma evangelização que ultrapassa as fronteiras da Igreja e,
dessa forma, a igreja cumpre a sua missão, que é evangelizar de uma forma bem
ampla”.
A história
da fundação da CF teve inicio quando três padres responsáveis pela Caritas
Brasileira, em 1961, idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as
atividades assistenciais e promocionais da instituição e troná-la autônoma
financeiramente. Foi realizada pela primeira vez na Quaresma de 1962, em Natal,
com adesão de três dioceses. No ano seguinte, 19 dioceses do nordeste
realizaram a campanha. Em 1964 a CNBB a assumiu para todo o país.
Esta
campanha desde o seu nascedouro, mostrou que seria um importante instrumento para
uma vivência intensa da quaresma, pois foi capaz de fazer convergir as orações
e reflexões para gestos concretos de conversão e transformação da realidade, em
vista do mistério Pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Juventude
já foi tema da CF de 1992. Volta agora com um novo vigor, com o objetivo de
olhar a realidade juvenil, compreender a riqueza de suas diversidades,
potencialidades e propostas, como também os desafios que provocam atitudes e
auxílios aos jovens e adultos.
O objetivo
geral da Campanha é, como explica Dom Eduardo, acolher os jovens no contexto de
mudança de época, propiciando caminhos para o seu protagonismo no seguimento de
Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna,
fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.
Como
objetivos específicos, a CF pretende propiciar aos jovens um encontro pessoal
com Jesus Cristo a fim de continuar sua vocação de discípulos missionários e
para a elaboração do seu projeto pessoal de vida. Possibilitar aos jovens uma
participação ativa na comunidade eclesial, que seja apoio e sustento em sua
caminhada. Sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da
sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.
Bispo de
Osório
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